A inspiração flui nos ateliers, praças, galerias, jardins ou campos e transpira ainda mais solta na mesa de um bar. A Galeria Dois apostou no binômio arte-bar para reunir uma galera boa de traços com todas as armas. Foi a primeira edição do Drink & Draw, na sexta-feira que abriu dezembro. Sim, em saborosa tradução: beber e desenhar! Os traços de nanquim, grafite ou aquarela convergiram para o Bokinha.
A turma foi chegando com estojos, cadernos, tablets, pincéis e muito mais. Sequer faltaram as utilíssimas borrachinhas para, literalmente, passar a borracha em traços rebeldes. Os rabiscos seguiram distintas técnicas, mas garantiram um proveitoso emaranhado cultural. Expectativas superadas em frente e verso, pois o número de participantes dobrou as expectativas e agora a turma quer mais. E terá, pois o Drink & Draw veio para degustar os líquidos, encantar os olhos e para ficar.
União dos traços
Boa parte do acevo da Galeria Dois está nas paredes do Bokinha, o que aclimatou ainda mais o encontro. “Nossa ideia é reunir os artistas locais em coletivas”, disse Gabriela Braz Borges, da Galeria Dois. Recentemente, promoveu uma mostra no Teatro Múcio de Castro com obras suas, de Claudia Dalmuth e de Vitória Machado. “Queremos mostrar o que temos por aí. Unir as mãos dos artistas e fomentar a ideia na galera”. A proposta é uma forma de incentivar, pois, segundo Gabi, que já está com uma mão no diploma de arquiteta, “não é fácil ser artista em Passo Fundo”.
Em 2024 tem mais
Mesas agregadas e a turma foi chegando. Grafiteiros, tatuadores, arquitetos, ilustradores, designers ou pintores. Foi a união dos traços em todos os materiais para um intercâmbio da arte. Sobre o Drink & Draw, ainda não há parâmetros para uma avaliação comparativa. “Isso vai acontecendo, sugerindo outros tipos de ações em ambientes públicos. Vamos fazer mais no Múcio (Teatro) para conectar com outras modalidades artísticas”. E o Drink & Draw? “Agora é só lá para o ano que vem, no final de janeiro ou início de fevereiro”. Então, mais drinques e desenhos na prancheta de 2024.
Tatuadores e aquarela
Os tatuadores Larissa de Almeida e Iuri Flores Ortiz sentaram-se à mesa, puxaram as armas de grafite e desenharam. Também beberam, é claro. Iuri é grafiteiro com trabalhos na Praça Tocchetto e na Escola Vovó Nelly. “Gosto muito de participar de eventos assim. É bem legal essa troca de informações”, disse Iuri. Para Larissa “foi muito bom, uma oportunidade de diversão e lazer”. Pincel na mão e a arquiteta Karin Nuza atacou com técnicas de aquarela. “O tom mais claro ou mais escuro é de acordo com a água no pincel”, disse em didática pincelada.
Surrealismo visual
Multitarefas dos traços, Fill Chapelleta não escondeu o entusiasmo em marcar presença no D&D. Também não fez segredo do nome de batismo: Vagner de Freitas Pires. Artista visual, ilustrador e artesão, auto classifica-se como artista plástico, arteterapeuta e oficineiro da arte. E quais as técnicas? “O que eu conseguir fazer. Só não faço aquarela. Vou mais de lápis e mural com tintas. No Castigo Bar tenho murais interno e externo, além de esculturas”. E o D&D? “É a reunião da galera. Trabalho e diversão”, completou com caricato sorriso. Fill delineia talento no maior surrealismo, mas também é um bom marqueteiro, até porque o mercado exige.
A expressão do retrato
Acadêmica de Arquitetura, Julia Pierezan também brilhou na grande mesa formada por, no mínimo, 24 artistas. “Gosto muito de retratos, mostrar a expressão das pessoas”. Para ela o Drink & Draw “foi o máximo. Muito gratidão para com a Gabi. É legal ter eventos para pessoas com o mesmo sentimento”.
Ilustrador, Maicon Ribeiro atacou de pincel na paleta das aquarelas e nos desenhos digitais e estuda criação para personagens. “Passo Fundo tem melhorado muito”, disse em relação aos espaços para a arte.
Digital e painting
Já Théo, com nome carimbado como Matheu Flores, é mais artista digital. “Vivo de arte, de música e sou compositor e cantor. Meu hobby é o desenho digital”. Para ele o D&D é muito bom. “Inovador na cidade”. Bianca Petry, de olho na Faculdade de Artes, é do painting, ou seja, a pintura ao vivo durante eventos. “Faz muito tempo que estava procurando por isso. Achei que seria assim na faculdade, sair da aula e ir para a rua pintar”.