Tempo de fé, renovação, de caridade e solidariedade. O Natal, comemorado no dia 25 de dezembro, celebra o nascimento de Jesus Cristo, ícone do Cristianismo. No Brasil e em muitos países do mundo o feriado religioso é comemorado pela maioria das pessoas, mesmo aquelas que têm uma visão diferenciada sobre a data.
Independente da religião, a caridade e o amor são destacados no período, celebrando a busca por sermos melhores do que somos.
Católicos celebram o nascimento de Jesus Cristo
O padre Vanderlei Bervian, da Paróquia São Cristóvão, destaca que a data é muito importante para os católicos. “Natal é a celebração do nascimento de Jesus Cristo, é um fato único na história da humanidade, mesmo onde o cristianismo não é presente, mas reconhecem até o calendário, demonstram e contam os anos de nascimento de Jesus, ou seja, ele fez a divisão do calendário antes e depois de Cristo, então isso dá dimensão da grandiosidade de Jesus, mesmo quem não crê ou tem fé, são influenciados pela cultura cristã que se espalhou no período romano, tendo dois mil anos de história”, disse.
Segundo o padre, o Natal tem uma dupla face, primeiro a igreja recorda aquilo que já aconteceu, ou seja, o nascimento de Jesus e depois a expectativa pela sua volta. “Revestido de vossas fragilidades ele, Jesus, veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrirmos o caminho da salvação. Isso nós contemplamos um fato já acontecido, porque a história nos relata. Mas a igreja acredita em uma segunda volta, então diz assim, revestido de toda sua glória virá uma segunda vez para concedermos os dons prometidos que hoje vigilantes esperamos”, disse.
Para as matrizes Africanas a celebração é da solidariedade
Ipácio Carolino, cacique umbanda e babalorixá, dirigente do Terreiro Casa Branca Aldeia de Oxóssi, explica que mesmo sendo uma data cristã, o Natal é celebrado com a promoção de ações de solidariedade e reflexão para as matrizes africanas. “Nós enquanto africanistas, batuqueiros, não temos esse entendimento, não temos esse culto à divindade Jesus Cristo, mas por conta de sermos um país sincretizado religiosamente, isso por conta do colonialismo, a gente acabou assimilando, fazendo essas práticas para nossa vida, embora não faça parte das nossas práticas litúrgicas, a gente celebra, comemora como uma data festiva”, diz.
Ipácio lembra que por conta da massificação, as crianças nessa data esperam algo lúdico, brinquedos e que as pessoas mais carentes esperam uma alimentação diferenciada, especial. “Os terreiros por estarem envolvidos nesse contexto social também acabam trazendo para o seu dia a dia a comemoração”, pontuou.
Judeus celebram a “Festa das Luzes”
Berel Natan Engelman, presidente e líder espiritual da Sociedade União Israelita de Passo Fundo da Sinagoga Abrahão Melnick fundada em 1922, conta que o Natal é uma data cristã, mas que os judeus celebram no fim do ano com a “Festa de Chanuká”. “Chanuká é a tradicional festa judaica das luzes. Em vários cantos do mundo, judeus comemoram iluminado casas e sinagogas durante oito dias, acendendo velas sempre à noite e iniciando em 25 de Kislev, mês em hebraico correspondendo a dezembro”, diz.
Conforme Engelman, Chanuká em hebraico significa “dedicação e inauguração”, festividade que comemora a vitória da luz contra a escuridão, a preservação do espírito de Israel e a liberdade religiosa. “Nesta ocasião os judeus estão reunidos em família recitando bênçãos e cânticos de louvor. Símbolo da Festa das Luzes, um candelabro chamado de Chanukiá de oito braços menores e um mais ao centro chamado de Shamash (“atendente”), onde na primeira noite uma vela é acesa e nas noites subsequentes, acrescenta-se uma nova vela à esquerda, até que o candelabro esteja completamente acesso ao fim de oito dias”, informa.
Muçulmanos acreditam que Jesus é um dos mensageiros de Allah
Radwan Jehani, Imam (guia religioso) da comunidade muçulmana de Passo Fundo, explica que a religião muçulmana é monoteísta, possuindo como Livro Sagrado o Alcorão e o profeta Muhammad. “Com todo o respeito às demais religiões, na religião Muçulmana não há comemoração pelo Natal, por não existir uma data biblicamente definida e confirmada que aponta o dia e o momento de nascimento de Jesus Cristo que a Paz de deus esteja sobre ele”, diz.
Conforme Radwan, existem muitos versículos do Alcorão que falam sobre ter fé, crendo no Messias, chamado Jesus. “Isso nos mostra que a religião islâmica é a única crença não cristã que acredita em Jesus Cristo filho de Maria, e isso é um dos pilares da fé. O Muçulmano não se torna muçulmano se não crê em Jesus Cristo como profeta, mensageiro enviado por Allah. Nós acreditamos que Jesus é um dos grandes profetas e mensageiros de Allah, nós acreditamos que o nascimento dele foi um grande milagre, pois sua mãe Maria nunca teve contato físico com um homem para que ele nascesse”, pontua.
Na religião Islâmica, Jesus é um profeta que foi concebido sem nenhum pecado através de um nascimento milagroso. “O Alcorão mostra que o nascimento de Jesus foi milagroso. Sua mãe, a Virgem Maria, é um grande exemplo aos muçulmanos de fé e devoção a Deus. O Alcorão a descreve como a melhor mulher que já existiu. Ela não era casada com nenhum homem e permaneceu casta durante toda sua vida. Jesus foi concebido através do verbo de Deus, que foi soprado no ventre de Maria
Radwan finaliza dizendo que os muçulmanos acreditam que Jesus é um profeta islâmico e um dos mensageiros de Allah, que são aqueles que vieram trazer a palavra do Livro Sagrado de Deus. “Sua missão foi entregar o Evangelho ao seu povo, que servia como orientação”, finalizou.
Budistas celebram a compaixão universal no Natal
Daniel Confortin, monge da ordem Soto, do Budismo Zen Japonês, explica que o budismo vê o Natal como uma data que reforça a compaixão. “O budismo observa o Natal como uma celebração de compaixão, uma das ênfases do budismo é justamente a compaixão universal, não apenas no aspecto de caridade, mas de compreender o sofrimento do outro, perceber que esse sofrimento está interligado com todas as outras formas de vida, ou seja, quando um ser sofre, todos os seres sofrem, porque é algo compartilhado por todos que tem consciência que sentem dor”, diz.
O monge explica que por ter muitos cristãos convertidos ao budismo e estar no Brasil que é um país cristão, a celebração do Natal é também um processo cultural. “Pelo Natal envolver essa reunião de pessoas, esse apaziguamento é sempre um momento importante para o budismo no sentido de reforçar esses valores. No Brasil que é um país cristão, a celebração do por parte dos budistas vem por parte de um processo, não só cultural, mas também pelo processo de diálogo entre as religiões, de diversidade, que vai além da figura do nascimento de Cristo, a essência do Natal é esse espirito natalino de caridade, de doação e de celebração conjunta da nossa humanidade, das qualidades positivas de qualquer ser humano”, pontua.
Segundo Confortin, a figura de Jesus e Buda são muito próximos em vários aspectos. “A gente busca no Natal também evidenciar essas proximidade e semelhanças, então em resumo o budista celebra o Natal celebrando o nascimento da própria iluminação que é o reconhecimento dessa perfeição, dessa humanidade que a gente tem em comum”, finalizou.
Espíritas destacam o amor e abnegação de Jesus
Espiritismo é uma doutrina religiosa de cunho filosófico e científico. Segundo Édio Afonso Antonini, dirigente Espiritual da Sociedade Espírita Allan Kardec, o Natal é uma data que promove a renovação possuindo uma simbologia de amor e abnegação. “O Natal é mensagem perene que desceu do céu para terra e que agora em ti se levanta da terra em direção do céu."
Édio destaca que o Natal é celebrado pelos espíritas, pois é uma data que promove muitas vezes a transformação do ser. “Natal é o maior dos dons, nas celestes alegrias que nos ensina a ser bons com Jesus todos os dias. O Natal não é apenas uma festa de coração enrolado, é também a renovação da nossa atitude cristã perante a vida, é a glória de Deus que desce envolvente, bela e pura e a terra foi-se à procura do reino de luz e amor. Natal festeja esquecendo quaisquer preconceitos vãos, Natal é Jesus dizendo que todos somos irmãos, Natal no mundo é a epopeia do reconhecimento ao senhor, mas Natal no espírito é a comunhão com ele próprio. Que Jesus abençoe a nossa caminhada e que tenhamos todos um bom Natal”, finalizou.
Evangélicos celebram Jesus o salvador e o tempo de renovação
Éder Dalcin pastor da Igreja Missão Mundial explica que o Natal para os cristãos do segmento evangélico é uma das datas mais importantes do ano. “A data mais importante para nós que é a Páscoa, pois significa a morte e ressurreição de Jesus, mas isso não aconteceria se não fosse o nascimento milagroso de Jesus. Então nós entendemos o Natal como uma oportunidade de renovar as esperanças, a fé, que nos faz refletir sobre o nascimento de Jesus Cristo que é o Deus dos cristãos, o senhor da igreja. Quando Jesus nasce, ele cumpre a promessa de Deus de redenção dos seus filhos, então para nós o Natal não é apenas a festa da família, mas ele é a lembrança do cumprimento das promessas que Deus havia feito em relação a salvar o homem e enviar o salvador, diz.
Éder destaca que os evangélicos acreditam que quando Deus escolhe Maria, José, uma família para que seu filho fosse gerado e a partir desse nascimento que uma série de promessas e profecias ocorressem. “Então o nascimento de Jesus é a renovação da esperança, especialmente para fortalecer os vínculos familiares, data que usamos muito para evangelização, apresentando Cristo para as pessoas que não o conhecem. Embora haja divergências entre os evangélicos na forma que se comemora, como por exemplo ter ou não uma árvore de Natal, nós todos como cristãos evangélicos compreendemos o Natal como uma data muito importante a ser celebrada”, finalizou.
Fotos: Divulgação