Quando inicia um novo ciclo muitas pessoas buscam avaliar o ano que passou, fazendo um balanço das ações, do que foi positivo e das dificuldades. Mas, 2024 já começou e com ele novas perspectivas e oportunidades de crescimento e desenvolvimento.
O psicólogo e professor da Atitus Educação, Jean Von Hohendorff, explica que a virada de ano sempre é um momento válido para a reflexão e que possibilita a definição de metas que ajudam a nortear todo o ano. “Sempre que temos a virada do ano, que é um marco, a gente tende a primeiro fazer uma retrospectiva do que aconteceu e planejar o próximo ano, isso é natural, mas quando a gente fala muitas vezes em metas e objetivos a gente pensa em algo individual”, diz.
São muitas as metas individuais que podem ser traçadas, como ter um filho, mudar de emprego, mudar de cidade, viajar mais, passar mais tempo com a família, comprar uma casa, mudar de carreira. Mas o psicólogo lembra que além dos objetivos individuais é preciso que a sociedade pense na perspectiva coletiva, seja no âmbito social, econômico, meio ambiente, entre outros.
Sociedade
Hohendorff explica que todos estão conectados em alguma medida e que o ser humano depende dos vínculos que têm. “Estamos vivendo um momento da sociedade, mais que em outro período que a gente tem que pensar também em metas coletivas, objetivos coletivos. A gente vem de uma sociedade individualista, por conta do modelo de sociedade, do capitalismo e liberalismo. Então temos essa cobrança muito grande por metas, por atingir objetivos até numéricos, essa produtividade que em alguma medida tem causado muitos problemas na nossa sociedade porque o ser humano não foi feito apenas para atingir metas, produzir para chegar em algum lugar, a gente precisa tempo de descanso e tudo mais”, explica.
Individualismo
A constante busca por algo que muitas vezes não faz parte da realidade da grande maioria da população, muitas vezes pode causar efeito reverso ao de impulsionar a pessoa, causando transtornos e depressões. “A gente é a espécie animal que mais requer cuidados, aquela que mais depende do contexto onde está para sobreviver. Então esse foco que o indivíduo quer e o que indivíduo sozinho pode fazer tudo tem levado ao adoecimento, tanto individual quanto coletivo. Essa cobrança exacerbada para atingir uma meta, um padrão de vida, um corpo ideal, isso nos coloca em uma pressão muito grande e muitas vezes nós não temos as condições para conseguir atingir essas metas”, disse.
O psicólogo destaca que é preciso analisar o contexto, onde muitas pessoas enfrentam inúmeras dificuldades seja para acesso a moradia, educação, saúde, mercado de trabalho. “Se ela tem um trabalho precarizado, uma jornada precarizante, se no bairro dela a unidade básica de saúde não funciona muito bem, ela não vai conseguir cuidar dela, ela precisa de uma rede que esteja presente. Por isso a necessidade de pensar em metas coletivas, porque não adianta pensar que uma pessoa esteja bem, enquanto as outras não estejam”, pontuou.
Metas com objetivos mensuráveis
Segundo o psicólogo, dividir a meta em objetivos mensuráveis em tempo de curto, médio e longo prazo também ajuda na superação das metas. “ “Pensando em uma pessoa que tenha seus direitos respeitados, não levar trabalho para caso, segundo, que tenha estabelecido uma rotina com outras pessoas da família, como por exemplo, de tomar café da manhã juntos, ou então pensar em uma pessoa que ano que vem está concluindo o ensino médio, a meta dela é passar no vestibular, vai envolver vários objetivos ao longo do ano, pelo menos 1h de estudo diariamente, não faltar às aulas de reforço, pesquisar as instituições de ensino superior, pesquisar cursos. A meta é algo maior que vai ter que envolver vários objetivos traduzidos em comportamentos mais específicos para se conseguir alcançar”, disse.
Metas coletivas
Para finalizar, o psicólogo salienta que é preciso “sair da bolha”, que para que todos se desenvolvam como um todo é preciso pensar em metas coletivas. “Não podemos mais pensar em meta que sejam apenas individuais, pensar em metas e objetivos que sejam coletivos, o que a gente quer para a vida das pessoas, levando em consideração por exemplo, Passo Fundo está sofrendo bastante com inundações e enchentes, talvez uma meta coletiva para 2024 é que a gente possa ter políticas públicas que auxiliem no enfrentamento dessas situações. O que cada pessoa pode fazer, cobrar o vereador que votou, os órgãos representativos, os projetos de contingência, a gente sabe que Passo Fundo tem um problema com isso, inclusive está ajuizado. A gente precisa se envolver com o coletivo porque a gente não vai conseguir resolver com o individual apenas”, pontuou.
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