A dedicação de três mulheres na defesa dos direitos, saúde e assistência social

No Dia Internacional da Mulher o Jornal O Nacional conta a história de mulheres que atuam em diferentes segmentos com protagonismo e liderança

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Mulheres de luta, mulheres sonhadoras, profissionais, mães, avós, educadoras, mulheres forjadas pela força e a bravura. Mulheres que desafiam seu tempo, que são protagonistas de suas próprias vidas, não esquecem de quem são e buscam contribuir com um mundo melhor. Nesta sexta-feira, 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, mais que uma data de celebração, o dia marca da luta e os desafios enfrentados pelas mulheres em busca de respeito, direitos e reconhecimento ao longo da história. Para marcar a data, o Jornal O Nacional conversou com três mulheres que têm na sua atuação, a força e o trabalho pelo bem do próximo.

“Sou muito feliz por ter nascido mulher”

Valda Maria Nunes Belitzki de 67 anos, nasceu em Ronda Alta, chegou em Passo Fundo ainda criança e casando ainda jovem. “Casei há quase 50 anos, tenho três filhos, dois meninos e uma menina. Sou avó de um menino de 13 anos e uma menina de cinco anos, meus passarinhos. No ano 2000 escutei na rádio que estaria sendo realizado um curso de promotoras legais populares. Como meus filhos já estavam crescidos, não pensei duas vezes, e me inscrevi. Não sabia bem o que seria, não imaginei que esse curso mudaria totalmente minha vida. Desde então sou uma promotora legal popular”, conta. Valda atua fazendo o acolhimento e encaminhamento de mulheres vítimas de violência doméstica. “Com o decorrer do tempo aprendi que nós mulheres temos muitos direitos, direitos esses que nem sempre soubemos, por vivermos em uma sociedade patriarcal.

Na atualidade, ainda vivenciamos essa situação, talvez por falta de conhecimento e de informação”, disse. Valda acredita que o papel da mulher na sociedade mudou muito, tendo evoluído, mas que muita coisa ainda precisa se transformar. “Conseguimos por meio de muita luta melhorar. Hoje temos uma lei que nos defende, que protege as mulheres vítimas de violência doméstica, podemos fazer o atendimento e o encaminhamento dessas mulheres, podemos emponderá- -las com o conhecimento. Mas penso que para vencermos, ainda temos muito a aprender, mostrar que sim, podemos viver em uma sociedade que não tenha violência, ensinar nossos filhos e netos, dando o exemplo. Quero que no futuro a minha neta e suas filhas possam viver uma vida em que não precisem ter lei nenhuma para defender seus direitos de viver uma vida sem violência de serem mulheres livres e felizes. A todas as mulheres desejo o que há de melhor nesse mundo, sou muito feliz por ter nascido mulher”, finalizou.


“O lugar de mulher é onde ela quiser”

Terezinha Perissinotto de 76 anos, é filha de agricultores e tem uma história de luta em defesa do trabalhador reconhecida em nível estadual e nacional, sendo uma das precursoras do movimento em defesa dos trabalhadores. “Meu pai era imigrante da Itália, minha mãe descente de imigrante e de índios, vim para Passo Fundo em 1978. E, ao longo da minha vida profissional, trabalhei na agricultura, fui doméstica, fui funcionária da igreja, trabalhei no Hospital de Clínicas de onde sai para assumir o sindicato”, conta. Terezinha é fundadora do Sindisaúde de Passo Fundo e Região que em 2024 completa 40 anos de história, além disso, atuou na formação de representações femininas junto a CUT/ RS e participou da criação da Federação dos Trabalhadores da Saúde das Américas. “Participei da fundação da CUT no estado e depois dos congressos nacionais da CUT, sempre fui envolvida com o movimento sindical, participei desde do início da organização das mulheres. Primeiro foi criada a Comissão e depois a Secretaria de Mulheres junto a CUT, minha luta na defesa dos trabalhadores e das mulheres é bastante longa”, relata. Com uma filha, dois netos e uma neta, Terezinha destaca que “o lugar de mulher é onde ela quiser”. “No meu entender o papel da mulher é onde ela quiser estar, o que ela quiser fazer. Luto pelo reconhecimento, pela valorização das mulheres, pois infelizmente nos lugares de comando, principalmente na área da saúde onde atuo, 80% dos cargos são ocupados por homens e a execução das tarefas é o contrário, com maioria de mulheres. Temos a questão do racismo que é bastante grande, onde as mulheres negras precisam provar todos os dias que sabem fazer, que são capazes. Isso é inadmissível no mundo de hoje, precisamos lutar contra essa mentalidade pequena, discriminatória e mesquinha”, finalizou.

“A mulher é uma grande batalhadora, é a pessoa que dá o equilíbrio na família” 

A irmã Inês Sartori é outro exemplo de mulher que decidiu seguir pelo caminho de auxílio ao próximo. A religiosa, de 76 anos, nasceu em Arroio do Meio, pertencente ao município de Encantado. A infância pobre fez com que buscasse sempre ajudar as pessoas mais necessitadas. “A minha mãe tinha o dedo verde, tudo que plantava dava, ela é a primeira mulher que me identifico e me levou a ser quem eu sou, minha mãe me ensinou a devoção a Nossa Senhora das Graças. Outra mulher que me inspira é a madre Maria dos Apóstolos, sendo ela uma baronesa que deixou tudo em favor das obras e se entregou para trabalhar com as pessoas mais necessitadas”, conta.

Inês é coordenadora da Associação Mãos Unidas que atende cerca de 70 famílias de recicladores em Passo Fundo. “Nós rezamos para que Deus mostrasse um caminho para trabalho e surgiu então o Projeto Mãos Unidas. Em plena pandemia, muitas pessoas perderam o emprego e começaram a trabalhar com reciclados para terem renda, então faz dois anos e meio que estamos nessa grande luta, é um trabalho de muita dignidade, amor e carinho”, disse, Sobre a importância da mulher, Irmã Inês destaca a força das mulheres. “A mulher é uma grande batalhadora, a pessoa que dá o equilíbrio na família, demonstra mais claramente o amor, a mulher é equilíbrio, ela dá sua opinião, ela não se esconde, ela questiona e vai para frente, a mulher é o pilar da casa”, finalizou.

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