A 1ª Conferência Municipal em Defesa do Trânsito Seguro, idealizada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa do Trânsito Seguro da Câmara de Vereadores, reuniu cerca de duas mil pessoas em dois dias e serviu para troca de experiências entre cidades como Caxias do Sul e Ijuí, que implementaram políticas de educação para o trânsito com êxito, e outras cidades como Carazinho, que vieram conhecer estas experiências para serem implantadas.
Um dos palestrantes foi o gerente da Escola de Trânsito de Caxias, Carlos Beraldo, que destacou as ações da escola que busca desenvolver e coordenar programas educativos de forma pontual, buscando atender a necessidade do público a quem se vai atender, sensibilizando os atores para a temática do trânsito. Ainda foi apresentado o Programa Municipal para humanização do Trânsito - Prohumat, pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Trânsito da cidade de Ijuí, Ubiratan Machado Erthal. Programa mantido pela administração municipal daquela cidade, com recursos do estacionamento rotativo pago.
A representante da Comissão Organizadora da Conferência, Raquel Rubio, afirmou que a Conferência provocou um diálogo efetivo sobre o papel dos diversos atores em relação ao trânsito: “tenho certeza que fizemos aqui multiplicadores do que foi discutido”, afirmou. A Comissão Organizadora avaliou a Conferência com um sucesso tanto em qualidade dos temas e conferencistas, quanto dos debates provocado durante as palestras, como também em termos de público. A Conferência foi encerrada com a Música Tema “Trânsito Seguro”, interpretada pelos alunos da escola municipal Padre José de Anchieta.
Corredor de ônibus
O arquiteto e urbanista, Marcos Pimentel Bicalho, defendeu durante sua palestra a necessidade de criar corredores de ônibus, passagem integrada e bilhetagem eletrônica no município. Bicalho falou sobre Mobilidade Urbana em Passo Fundo - perspectivas e desafios. Ele destacou importância do Anel Viário que está sendo implantado na cidade e chamou atenção para a necessidade da sociedade mudar a cultura em relação ao trânsito local. O engenheiro José Eurides de Moraes mediou o debate que girou em torno da necessidade de ações urgentes para melhorar a mobilidade urbana na cidade. Outro assunto levantado foi a questão da retirada dos temporizadores dos semáforos, questão que foi esclarecida pelo secretário de Segurança Pública, coronel João Darci Gonçalves da Rosa, presente no evento.
A deputada estadual Lisiane Bayer, presidente da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa do Trânsito Seguro, afirmou que vai usar o exemplo do Legislativo passo-fundense e iniciar conferências sobre o trânsito pelo estado. Outro tema tratado foi “Motocicleta, um modal em constante crescimento x Segurança no trânsito”, abordado pelo presidente do Sindimotos - RS, Valter Ferreira e o representante do Moto Clube Alto Giro, Ricardo Haas.
O assunto suscitou amplo debate e envolveu desde equipamentos de proteção até a legislação dos motofretistas. Haas, que adentrou o recinto pilotando uma moto, destacou que os equipamentos de segurança são fundamentais para proteção do motociclista e ainda é negligenciado pela maioria. Lembrou que no ano passado 650 novas motos passaram a integrar a frota na cidade e as previsões são para que neste ano esse número seja superado. “A frota tende a aumentar por ser um veículo econômico, oferecer facilidade de locomoção, rapidez e fácil estacionamento, portanto é importante que os agentes tenham uma visão global sobre os motociclistas, o que passa por uma mudança comportamental no trânsito. Motociclista não tem que acelerar em vias públicas, para isso tem velódromos”, destacou o palestrante.
Ferreira falou sobre a legislação que regulamenta os motofretistas, criticou que em Passo Fundo a lei municipal não oferece regramento efetivo. “O município se preocupa em regrar o táxi, o ônibus, as vans, mas não tem lei municipal que regulamente o motofretista”. Ainda fez referência ao sistema de habilitação nacional para motociclistas. “O condutor se habilita sem contato com a rua, com os demais motoristas, com o pedestre, enfim, com o trânsito de maneira global e acaba indo para a rua e provocando acidentes”, encerrou.
Outro convidado, Adelto Rohr, idealizador do Projeto Balada Segura, destacou os pilares do projeto, que se baseia na educação, fiscalização e sensibilização. Atualmente a ação acontece em 26 cidades do estado e Passo Fundo integra o projeto desde agosto de 2012, em parceria com Brigada Militar, Policia Civil, Polícias Rodoviárias estadual e federal, Guarda de Trânsito e sociedade civil. “A fiscalização não pode ser nada além de uma ação educativa, é assim que nós fizemos e é assim que quero que todos entendam a fiscalização do trânsito”, destacou o palestrante. Ao finalizar Rohr fez um apelo aos municípios para que se articulem junto ao Detran para que o órgão continue apoiando a Balada Segura nos municípios. O mediador foi o agente de Trânsito do setor de educação da Guarda de Trânsito, Emerson Drebes.
Teste do etilômetro
Um dos destaques da Conferência foi o teste do etilômetro, realizado pelos agentes de trânsito. Voluntários participaram e fizeram testes após ingerir produtos como cerveja com 0% de álcool, bombons recheados com licor, medicamentos como Olina e enxaguante bucal. Ficou atestado que o bombom de licor e o enxaguante bucal apresentaram teor de álcool acima do permitido. O evento teve ainda exposição “Estatística tem Rosto” do Programa Vida Urgente, Curso Online de Segurança no Trânsito - Honda CETH, exposição do projeto “Siga pela Vida”, parceria do CFC Autotec e Hospital IOT. Também foi disponibilizado para aquisição o livro Manual Brasileiro de Fiscalização do Trânsito do autor Fabio Melo.
Simulação
A primeira noite da Conferência encerrou com uma simulação de acidentes com várias vítimas. Os profissionais que atuam na área fizeram uma demonstração de resgate e atendimento a vitimas com a colaboração de voluntários.
O presidente da Frente Parlamentar, vereador Wilson Lill (PSB) avaliou a Conferência como positiva. “Tivemos uma plateia qualificada com a participação de muitos jovens. Os encontros serviram para trocas de experiências e para chamar a atenção dos participantes para questões da mobilidade urbana local e como podemos contribuir para um trânsito seguro”, destacou.
