Os mais recentes resultados do “Censo Demográfico 2022”, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de outubro, revelam que a maioria dos domicílios particulares de Passo Fundo tinha mulheres como responsáveis. Naquele ano, das 81.782 pessoas caracterizadas com essa responsabilidade, 42.743 eram do sexo feminino. O recorte local parece seguir uma tendência do Brasil, país que registra um índice que avançou consideravelmente em cerca de uma década.
O dado integra o levantamento “Domicílios particulares, por presença de cônjuge da pessoa responsável e filhos da pessoa responsável ou do cônjuge, segundo o sexo da pessoa responsável pelo domicílio”, que apresenta um panorama sobre a composição dos grupos familiares.
Conforme esclarece o chefe da Agência Regional do IBGE em Passo Fundo, Jorge Bilhar, o termo “responsável” adotado pelo órgão diz respeito diretamente ao chefe da família. “Antigamente, tínhamos como chefe o homem, mas conforme as transformações foram ocorrendo, por vezes, é a mulher ou outra pessoa responsável na casa ou apartamento. É a própria pessoa que prestou as informações que se considera como a responsável”, pontua Bilhar. O coordenador pondera que, do contingente populacional, as mulheres são maioria, além de viverem, em média, por mais tempo.
Além da predominância da mulher como chefe da residência, destacam-se em Passo Fundo outros dois recortes no mesmo estudo: “Domicílio com responsável e cônjuge com filho de ambos somente”, que chega a 22.467, com cerca de 13 mil com o homem como responsável; e “Domicílios com outros tipos de composição”, representando um total de 25.159, com cerca de 14 mil responsáveis pela unidade sendo do sexo feminino. Bilhar explica que estão incluídas nesse último grupo “as pessoas que moram sozinhas, de ambos os sexos, e que moram junto com pessoas do mesmo sexo”.
Outro resultado do Censo expõe a compilação do número de casais sem filhos residentes no município. Conforme a tabela do IBGE, no contexto “Domicílio com responsável, cônjuge e sem filhos”, o dado total soma 17.820. “Isso vai repercutir no futuro”, prevê ele, ao citar como exemplo a possível falta de mão de obra, e mesmo a interferência nas estruturas públicas, como no volume de creches e escolas.
No Brasil
Em 2022, das 72,5 milhões de unidades domésticas do Brasil, 49,1% tinham responsáveis do sexo feminino, conforme o IBGE. A proporção representa uma mudança importante em relação ao Censo de 2010, quando o percentual de homens responsáveis (61,3%) era substancialmente maior do que o percentual de mulheres (38,7%). Por unidade doméstica, frisa o órgão, entende-se o conjunto de pessoas que vivem em um domicílio particular.
Em 10 estados, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi maior que 50%: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas e Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%). “Percebe-se, de forma geral, que as unidades da federação acompanharam o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino”, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
No Rio Grande do Sul, por outro lado, o índice era menor do que nesses estados e mesmo do que em Passo Fundo, chegando a 48,6%.
Número de moradores por unidade doméstica reduziu
Em 2022, cerca de 202 milhões de pessoas viviam nos 72 milhões de domicílios particulares do país, resultando numa média de 2,8 moradores por unidade doméstica. Em 2000, a média era 3,7 pessoas e em 2010 era 3,3. Cerca de 72,3% das unidades domésticas têm até 3 moradores e 28,7% têm 2 moradores.
Do total de moradores, 35,9% eram as pessoas responsáveis pela unidade, 20,6% eram cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente, 19,2% eram filhos do responsável e do cônjuge e 11,6% eram filhos somente do responsável.
Segundo Jorge Bilhar, Passo Fundo apresenta um dado reduzido quanto ao número de pessoas por domicílio, uma média de 2,5 pessoas, apesar de existiram famílias com mais filhos nas periferias e comunidades indígenas, analisa. “Cada vez mais o novo perfil de formação de família está sendo com maior controle [de natalidade], até por questões que envolvem a qualidade de vida”, finaliza o chefe da Agência Regional do IBGE.