Área pública ampla, às margens de uma importante rota interestadual, o Parque Wolmar Salton segue sem um uso definido. Em junho do ano passado, a Efrica, como é popularmente chamado o local, chegou a ser incluída pela Prefeitura de Passo Fundo no programa Acelera 2, uma iniciativa criada para atrair novos negócios e expandir os já existentes, contemplando a cedência de terrenos a empresas. Na época, conforme publicou ON, havia a expectativa de que a concorrência para ocupação do antigo parque pudesse ser lançada ainda no segundo semestre, o que não ocorreu. Atualmente, “a estrutura está em estudo para uso”, informou o Executivo municipal.
Localizado às margens da BR 285, na região do aeroporto, o Parque Wolmar Salton soma 8,3 hectares e motiva discussões sobre suas condições e possíveis utilizações há anos. Antes palco de exposições, como a Feira dos Pequenos Animais, e shows nacionais, quando movimentava milhares de pessoas, vem com o tempo se deteriorando, exigindo investimentos públicos para sua manutenção e segurança.
“É uma área importante e qualquer decisão deve ser encaminhada com segurança”, ponderou o secretário de Desenvolvimento, Adolfo de Freitas. ON questionou a prefeitura sobre a Efrica dias após a gestão municipal ter indicado uma solução à situação envolvendo outra propriedade pública, o local da antiga Manitowoc.
São dois casos emblemáticos em Passo Fundo, estruturas valiosas cercadas por indefinições e sem aproveitamento econômico. Em 23 de janeiro, entretanto, o prefeito Pedro Almeida determinou que a Procuradoria Geral do Município, em conjunto com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e Administração, inicie os estudos para a abertura de um edital de licitação da área da antiga Manitowoc, medida tomada após resoluções judiciais.
Comissão analisa
O Parque da Efrica fica na localidade do Povinho Velho, onde se encontra o “Berço das Águas”, nascedouro de rios que abastecem pelo menos 60% dos municípios do Rio Grande do Sul. Essa característica ambiental limita as opções para utilização dos terrenos na região. “Ela tem restrições de usos porque é próxima a mananciais, que devem ser preservados”, lembra Adolfo de Freitas.
Justamente considerando esse ponto, os ex-vereadores Wilson Lill e Michel Oliveira sugeriram ao Executivo ainda no início de 2023 que a área fosse transformada em um Distrito Verde, voltado para empresas que atuem com sustentabilidade. A ideia, no entanto, não prosperou.
Na ocasião do lançamento do programa Acelera 2, em 2024, a Secretaria de Desenvolvimento informou que o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado dá as diretrizes para quais tipos de atividades podem ser exercidas no local. Assim, se enquadram, por exemplo, empresas de comércio de atacadista e depósitos; comércio varejista e serviços; coleta e separação de resíduos, comércios de insumos agrícolas e agropecuários, de materiais de construção, serviços de educação, dos setores industrial Tipo IV, agricultura, dentre outros. O PDDI traz especificidades para enquadramento de empresas desses setores.
Por enquanto, a indefinição persiste. Mas o caso, garante a administração municipal, é pauta de um grupo de trabalho interno na prefeitura. “Existe uma comissão formada que está estudando qual o melhor uso para a área”, confirma o secretário de Desenvolvimento.
Licitação de área da antiga Manitowoc
Enquanto a situação da Efrica segue indefinida, a área da antiga Manitowoc parece mais perto de ter um destino. Os estudos para a abertura de um edital de licitação começam após despacho da juíza Rossana Gelain determinar que o Cartório de Registro de Imóveis deve averbar na matrícula do imóvel à propriedade do Município, que já havia retomado a área em março de 2024, porém aguardava a manifestação da Justiça em relação à propriedade definitiva.
A partir da decisão judicial, deferida na quarta-feira (22/01), a prefeitura tem condições de dar andamento aos trâmites internos para a abertura da licitação, “e possibilitar que uma nova empresa atue no local, gerando emprego e renda para a cidade”, afirmou o prefeito Pedro Almeida, destacando que o local é muito importante para a continuidade do desenvolvimento econômico do município.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico já abriu o processo administrativo para iniciar os estudos para elaboração da licitação e, em conjunto com a equipe determinada pelo prefeito, lançar o edital “num futuro próximo”, ressaltou a prefeitura.
A área está locada para o governo do Estado até o mês de março, tendo em vista que se tornou um centro de distribuição para os atingidos pelas enchentes.