Desabastecimento de água expõe falta de investimentos, diz IBGE

Segundo a avaliação do coordenador regional do IBGE, Jorge Bilhar, o crescimento acelerado da cidade não foi acompanhado de investimentos estruturais na área de água e esgoto

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O crescimento da cidade nos últimos anos, aliado à falta de investimentos em infraestrutura, são as duas principais causas do desabastecimento de água em Passo Fundo. A avaliação é do coordenador regional do IBGE, Jorge Bilhar, com base nos dados do último censo, realizado em 2022. Segundo ele, o avanço da população e o aumento expressivo no número de domícilios não foram acompanhados por melhorias na rede de distribuição de água e esgoto, resultando nos problemas enfrentados atualmente pelos moradores.

Conforme os dados levantados pelo IBGE, Passo Fundo conta hoje com 214.564 habitantes e teve um crescimento de 55% no número de domicílios. Atualmente, 95.690 domicílios particulares ocupados utilizam a rede de abastecimento, além de domicílios coletivos, como presídios, seminários, escolas, hospitais e estabelecimentos comerciais e industriais. No total, mais de 110 mil unidades consomem água na cidade.

No entanto, esse crescimento não foi acompanhado por investimentos proporcionais na infraestrutura de saneamento básico. “A companhia de saneamento não acompanhou o crescimento da distribuição de água e esgoto”, alerta Bilhar. Ele também destaca que a pressão da água tem causado frequentes rompimentos na tubulação, pois muitas redes foram instaladas na década de 1990 e não receberam manutenção adequada.

O coordenador do IBGE aponta que alguns bairros tiveram expansão significativa nos últimos anos, como Vera Cruz, São Luís e o centro da cidade. Além disso, novos loteamentos estão sendo lançados, como no bairro Valinhos, ampliando ainda mais a demanda por abastecimento.

Situação da rede de esgoto também preocupa

Outro problema destacado pelo coordenador do IBGE é a deficiência na rede de esgoto. Atualmente, apenas 56,79% dos domicílios em Passo Fundo são atendidos por uma rede de esgotamento sanitário. Com o crescimento populacional, a tendência é que a situação se agrave. “Mesmo com algumas construções adotando soluções como fossas sépticas, a falta de investimento no esgotamento geral pode gerar problemas estruturais no futuro”, alerta.

O coordenador também lembra que a cidade recebe um contingente significativo de estudantes universitários, que não são considerados na contagem fixa da população, mas consomem os recursos hídricos e utilizam a infraestrutura de saneamento da cidade.

Privatização

O coordenador regional do IBGE acredita que a privatização não foi a origem do problema, e que ela pode, inclusive, contribuir para a resolução. Segundo ele, a falta de investimentos da antiga gestão estadual, quando a Corsan era responsável pelo abastecimento, comprometeu a qualidade do serviço. “Não foi feito o investimento necessário para acompanhar o crescimento da cidade. Agora, a pressão da rede está causando rompimentos, e a falta de manutenção na infraestrutura só agrava o problema”, explica.

Ele diz que com a população em constante crescimento e novas unidades habitacionais sendo construídas, a demanda por água e esgoto em Passo Fundo tende a aumentar. Sem um planejamento adequado e investimentos consistentes, os problemas de desabastecimento e falhas na rede de esgoto continuarão impactando diretamente a população. Para Jorge Bilhar, a solução passa pela adoção de medidas que garantam a infraestrutura necessária para acompanhar o avanço da cidade, evitando novos transtornos para os moradores.


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