Além de espalhar a cultura internacional por toda a região, a 4ª edição do Danzpare Brasil trouxe a ampliação da integração de bailarinos estrangeiros com as culturas do Rio Grande do Sul. Com casais de 11 países, os ritmos circularam por Passo Fundo, Fortaleza dos Valos, Cruz Alta e Pelotas, movimentando mais de 60 mil pessoas que participaram de espetáculos e oficinas.
O Festival Internacional de Dança Patrimonial em Pares, o Danzpare Brasil, teve início no dia 7 de setembro, com data marcada para encerrar neste domingo (18). Tendo Passo Fundo como município sede, esta edição recebeu dançarinos da Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, junto a pares que representaram os diversos ritmos brasileiros.
Expansão do festival
Superando as expectativas de público e alcance do Festival, a sócia-proprietária da Baillar Centro de Danças e produtora da marca “Danzpare”, Raquel Rubert Pereira, conta que o trabalho em conjunto com outros municípios foi a chave para as proporções que o evento tomou. “Nas outras edições nós até íamos para cidades vizinhas, mas com apresentações pontuais. Neste ano, cada município foi responsável pela organização e quando você divide responsabilidades, isso aumenta o número de patrocinadores, voluntários e a gente só agrega”, esclareceu, destacando que só em Fortaleza dos Valos, que possui cerca de 4,5 mil habitantes, um único espetáculo reuniu 1,5 mil pessoas.
A escolha dos municípios, conforme Raquel, teve íntima relação com sua infância e os municípios em que cresceu. Natural de Cruz Alta, ela morou até os 7 anos em Fortaleza dos Valos, onde retornou para trabalhar na escola de dança que seu pai construiu. “Hoje eu chego lá e meus alunos pequenos agora estão casados, com filhos. É uma nostalgia muito linda”, relembrou.
Valorização da cultura gaúcha
Somando as escolas dos quatro municípios, até o final do Festival terão sido atendidas 122 instituições de ensino. Com oficinas, apresentações e desfiles de rua, uma grande integração entre os países e a cultura de cada cidade foi promovida, um dos objetivos do Danzpare Brasil destacados por Raquel Rubert. “O nosso Danzpare acontece durante a Semana Farroupilha e isso é proposital, para que a gente possa potencializar as culturas do Rio Grande do Sul e divulgar um pouco além do samba e do carnaval”, explicou a produtora.
Neste ano, os participantes também integraram o 4º Rodeio Artístico Internacional do Planalto realizado no último domingo (11). Durante o evento, 2 horas de oficina estrangeira foram realizadas de manhã e à tarde. “Demos essa oportunidade da população de Passo Fundo vir aprender as danças. Promover essa integração, aberta a quem quisesse participar”, relatou Raquel, lembrando que isso trouxe aos próprios bailarinos uma parte “mais campeira” do Brasil, com peculiaridades antes não vistas.
Esse outro lado do Brasil foi o que mais chamou a atenção dos bailarinos da Guatemala Sofia Giron e Miguel Menendez, que dançam juntos há nove anos. “Com certeza as pessoas. E como elas nos mostraram um Brasil muito diferente. Praia, samba. O que vimos foi uma cultura diferente disso”, contou Miguel, que é bailarino há 24 anos. “Conhecer esse outro Brasil. Esse intercâmbio de culturas tem sido muito importante”, completou Sofia, que já participou do Danzpare Guatemala, Danzpare Circuito Centro América e Danzpare Honduras.
“Com certeza devemos seguir em frente”
Realizado de maneira gratuita, a produtora do Danzpare reflete que após um salto de 20 mil pessoas na 2ª edição do evento para mais de 60 mil na 4ª, esse é um dos sinais para prosseguir realizando os festivais. “Porque trabalhar com cultura não é fácil. Com cultura gratuita é mais difícil ainda. E um evento pós-pandemia, ele já entra complicado porque temos um aumento de muitos custos”, explicou.
Segundo Raquel Rubert, alguns bailarinos desembolsaram mais de US$ 1,5 mil de passagem para vir até o Brasil. “Trazer grupos é mais difícil que trazer pares. Nós estamos com 11 países e nesses 11 países estamos com 22 pessoas, é mais fácil, mas mesmo assim, eles se deslocaram das Américas para Passo Fundo e é caro”, pontuou, contando que muitos fizeram vários tipos de atividades para angariar fundos e poder vir. “As pessoas querem vir e quem não veio foi por única e exclusivamente questões financeiras”, relatou.