Com dias abafados, apenas chuvas isoladas e temperaturas acima das médias, iniciamos o ano na região de Passo Fundo. Porém, uma frente fria está tomando conta do ambiente para propiciar um fôlego, baixar a temperatura e trazer chuva em volume razoável. O quadro meteorológico encaixa-se nas características do fenômeno La Niña que, gradativamente, mostra sua cara e bagunça com as condições do tempo. A semana teve temperaturas elevadas em janeiro, quando a média das máximas ficou em 29,7ºC, valor acima do classificado como normal que é de 28,1ºC. Já as mínimas ficaram em 17,3, um pouco abaixo do histórico de 17,7ºC. Isso demonstra a grande amplitude térmica, outra característica de La Niña. Na quinta-feira, 23, os registros do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo, em Passo Fundo, chegaram à máxima do ano com 34,4 e a mínima de 18,4ºC. A máxima absoluta para mês de janeiro é de 35 graus.
Frente fria
Uma frente fria, como sempre vinda da Argentina, já está sobre o Rio Grande do Sul. O analista da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, enfatiza que “para os próximos dias, com indicação da previsão do INMET, é que nós teremos uma frente fria, áreas de instabilidades que devem atingir de forma mais generalizada o estado. A região norte também, então Passo Fundo e região, principalmente a partir de sexta e sábado, terão uma frente fria de rápida passagem. Embora seja uma frente fria, principalmente na região central e sul do estado, terá volumes de chuva mais expressivos. Passo Fundo tem possibilidade de pancadas de chuva forte, até de temporais localizados em função dessas temperaturas elevadas e o choque com a frente fria, provocando chuva forte”, explicou.
Trégua rápida
Além dos temporais localizados, a frente fria traz uma brisa para diminuir a onda de calor. “Isso pode provocar temporais localizados na região”, alerta Pasinato. Mas vai refrescar um pouco. “Na sexta e sábado a tendência é de que as temperaturas fiquem dentro da média, em torno de 28 e 30 graus. Isso, principalmente até o final de semana, até domingo. Já na próxima semana a tendência é que as temperaturas se elevem novamente, chegando aí na faixa dos 30 a32ºC”, avaliou. Isso significa que a frente fria passa e o calorão retorna.
Chuvas no final do mês
Nos primeiros 20 dias do mês a ocorrência de chuvas limitou-se às pancadas isoladas, as chuvas de verão com baixos acumulados. Este mês, choveu até o final da tarde de quinta apenas 44,7mm em 23 dias, para uma média mensal de 173,7mm. “A tendência para os próximos dias, na sequência de janeiro e também em fevereiro, é que as chuvas sejam um pouco mais regulares, embora ainda de forma esparsa, mas a tendência é que as chuvas comecem a ter mais normalidade em termos de quantidade de chuva”, disse o analista. Mas, como estamos no verão, as precipitações ainda serão em forma de pancadas, as chuvas de verão.
Os efeitos de La Niña nas lavouras
As chuvas abaixo da média são sempre fator de preocupação e alguns agricultores já podem xingar La Niña. Sobre essa condição, Pasinato disse que as chuvas passageiras, as chuvas de verão, amenizaram as condições em algumas regiões, principalmente em relação às culturas de milho ou soja. “O efeito do fenômeno La Niña depende do estágio de desenvolvimento da cultura, em função de florescimento e enchimento de grãos. A tendência é de que esse período, com precipitações abaixo da média, tenha um impacto um pouco maior em função da soja, que está em desenvolvimento vegetativo. Mas, porém, com essa frente fria desse final de semana, a chuva tende ser de forma bem generalizada e amenizar os efeitos dessas altas temperaturas e da chuva abaixo da média. Em virtude da demanda de água pela cultura (soja), em alguns pontos, sim, deve ter impactado um pouco. É difícil prever o quanto isso impactou ou impacta em questão de potencial produtivo, mas deve ter impactado, sim, em algumas regiões, em alguns locais, principalmente a cultura da soja”, concluiu.