Calor e mais calor. A elevada temperatura é o assunto dos gaúchos nas últimas semanas. O calorão, que atinge o Rio Grande do Sul e outras áreas do país, teve pico histórico na segunda-feira, 10 de fevereiro. Segundos os registros do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo, em Passo Fundo os termômetros registraram a máxima de 34,7ºC. O valor é considerado a máxima de 2025. “Como está muito abafado, a sensação térmica fica bem acima disso”, explicou o analista Aldemir Pasinato. É claro que, devido a fatores como localização e exposição de sensores ao sol, alguns termômetros pela cidade ficaram com valores bem acima. Mas o que vale mesmo é a medição científica do pessoal da Embrapa.
Acima das médias
“Estamos com temperaturas máximas que ficam até 7ºC acima da média da normal climatológica”, informou Pasinato. A média histórica das máximas para fevereiro é de 27,8ºC. O patamar de 34,7ºC em fevereiro é superado apenas por dois registros, o de acompanhamento mais recente em 1979, quando os termômetros bateram na casa de 35,7ºC. Mas a história do calorão anotada à mão pode trazer uma marca maior, segundo o analista. “Em 1919 a máxima chegou a 37,6ºC”. Assim, com certeza, podemos afirmar que a temperatura de ontem, segunda-feira, com 34,7ºC, foi a mais elevada dos últimos 46 anos em Passo Fundo. E, ainda, janeiro de 2025 foi o mês mais quente da história.
Uma refrescada
O calorão dos últimos dias veio da Argentina, onde está centralizada a massa de ar quente. No norte do país vizinho os termômetros subiram bem mais e ultrapassaram a marca de 40ºC. Agora, em compensação meteorológica, os argentinos estão enviando uma frente fria. Nada em exagero, apenas um fôlego para aliviar o calorão. “Já nesta terça-feira a temperatura cai um pouquinho e a máxima fica na faixa de 33 a 34ºC. Na quarta-feira entre 32 e 33, mas ainda com sensação de abafado. Na quinta oscila entre 22 e 28ºC. Sexta cai um pouco mais e vai de 20 a 28ºC”, interpretou o analista da Embrapa. Sábado o calor ganha reforço e a máxima pode chegar a 30, enquanto no domingo ficará um pouco acima.
Chuva a caminho
Além do calor, a seca também bate à porta. Em fevereiro os registros acumulados nos primeiros 10 dias são de escassos 12mm, para uma média mensal de 147mm. Mas quando uma bolha de ar quente recebe uma frente fria ocorre uma espécie de confronto, uma oclusão que resulta em mudanças e chuvas. “Teremos condições para temporais, quarta e quinta-feira, pois haverá condições favoráveis para eventos extremos. Isso significa pancadas de chuvas, ainda não chuvas generalizadas, ainda chuvas irregulares”, explicou Pasinato. Para alívio nas lavouras e amenizar a queda nos reservatórios de água, a expectativa é de chuvas até o início da próxima semana. Chuva de verão, mas já ajuda.
Déficit hídrico
“Teremos chuvas mais frequentes a partir desta semana, pois diminui o calor e as temperaturas máximas voltam a se enquadrar dentro dos padrões climáticos. É um alívio para a agricultura e para os reservatórios que já sofrem com a estiagem. Há um déficit hídrico nas culturas de verão”, informou Pasinato. A expectativa, de acordo com dados do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, é que as precipitações tenham um acumulado de 50 e até 60mm nos próximos dias. “A irregularidade nas chuvas de verão foi potencializada pela atuação do La Niña, sem esquecer que o planeta está aquecendo, enquanto janeiro foi o mês mais quente dos últimos anos”, concluiu. Assim, seja bem-vinda a frente fria que, já nesta terça-feira, traz um alívio na temperatura e uma chuvinha para molhar os campos.