A crise do novo Coronavírus entrou sem bater na porta, mudando repentinamente nossas rotinas, nossos objetivos para 2020 e, definitivamente, a forma com que nos relacionamos, com os outros e até mesmo com o nosso lar. Consequentemente, o mercado imobiliário também já sente a diferença e começa a desenhar uma tendência clara para o futuro: a demanda por aluguéis deve se intensificar, porém, com algumas ressalvas. O formato de contratação é a primeira delas.
Mais do que nunca, a crise econômica expôs a fragilidade dos contratos informais, que costumam não prever garantias legais para nenhuma das partes. Mesmo sendo uma prática antiga e nada recomendável, a locação direta com o proprietário ainda acontece e é motivo para muita dor de cabeça. Se por um lado existem inquilinos que tiveram sua renda comprometida devido à crise do Coronavírus, por outro também existem proprietários que utilizam a locação como complemento de renda. Impasse que torna mais do que evidente o papel de uma imobiliária, que além de poder acionar a fiança locatícia no caso de inadimplência, também pode intermediar os interesses a fim de encontrar a melhor alternativa para ambas as partes. Importante lembrar que não existe determinação legal isentando o pagamento do aluguel, demandando mais do que nunca, um trabalho minucioso por parte das imobiliárias que devem avaliar cada caso individualmente.
Neste sentido também é esperada uma maior adesão a garantias locatícias no lugar de fiadores, por garantirem maior cobertura no caso de inadimplência. Entre as opções mais utilizadas estão: seguro fiança, capaz de cobrir o aluguel por até 30 meses; o Credpago que aproveita dados do cartão de crédito; e o título de capitalização para quem já possui uma reserva financeira e deseja utilizá-la como garantia.
Mesmo administrando tantos desafios, a locação de imóveis residenciais deve continuar movimentando o mercado imobiliário. Isso porque a moradia sempre vai ser uma necessidade básica e também a principal alternativa para quem ainda não tem a possibilidade de adquirir seu próprio imóvel. O que pode acontecer agora é migração de inquilinos para imóveis mais baratos, que possam ajudá-los a se manter durante um período de maior dificuldade financeira. Em contrapartida, os imóveis comerciais devem continuar sendo alvo da crise econômica. Além do aumento no número de rescisões, os próximos meses devem ser marcados pela baixa procura por imóveis comerciais.
Após toda a experiência de distanciamento social, a preferência do consumidor também deve mudar bastante. Se antes os imóveis menores eram os que mais se adequavam à rotina movimentada das pessoas, a partir de agora a atenção deve ser disputada com imóveis maiores, bem arejados e iluminados naturalmente. Ou seja, mais do que qualquer coisa, a qualidade de vida e o orçamento familiar devem guiar as decisões a partir de agora, mudando o foco para imóveis mais baratos, mas que ao mesmo tempo possam atender às novas exigências do consumidor, como espaço e maior aproveitamento das áreas ao ar livre, por exemplo.
As locações online, que já eram praxe nos grandes centros, também devem entrar no radar das imobiliárias locais. Depois de algumas semanas concentrando todo o atendimento pela internet, a tendência é que o mercado continue migrando sua operação para o digital. Uma transformação inevitável e fundamental para a sustentabilidade do segmento imobiliário.