OPINIÃO

CULTO AOS LIVROS

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Os livros são portas que nos levam para a rua

Arturo Pérez-Reverte é um escritor espanhol. Autor de novelas de grande sucesso. Foi jornalista e correspondente de guerra. Atualmente se dedica exclusivamente à literatura. Seus livros já foram traduzidos para cerca de trinta idiomas. Alguns foram adaptados para o cinema. É apaixonado pelos livros. Lembra Sócrates, dizendo que não sabe nada. Quando quer saber, procura nos livros. Para ele, os livros são portas que nos levam para a rua. “Com eles aprendes, te educas, viajas, sonhas, imaginas, vives outras vidas e multiplicas a tua por mil.”

 Angústia dos leitores

Arturo manifesta uma preocupação que atormenta todos os aficionados pelos livros. Jorge Luiz Borges falou disso em algum texto: por mais que a gente viva não leremos todos os livros que gostaríamos. Por isso, aconselhava a não lermos livros chatos. E não via o menor problema em ler apenas trechos de livros, ao sabor do acaso. Já Anatole France, ao ser indagado se havia lido todos os volumes de sua enorme biblioteca, respondeu: “Nem sequer a décima parte. Ou, por acaso, o senhor usa diariamente sua porcelana de Sèvres?”

 Livros que nunca leremos

Quando perguntam a Pérez-Reverte se ele leu todos os milhares de livros de sua biblioteca, ele responde: “alguns sim, outros não; mas preciso que todos eles estejam aí”. Não lamenta por aqueles livros que ele jamais lerá. Os livros, diz ele, “cumprem sua função, inclusive ali, quietos, silenciosos, alinhados com seus títulos em suas lombadas. Posso abri-los, folheá-los, colocá-los na mochila para uma viagem. E ainda que eu jamais chegue a ler muitos deles, terão cumprido sua missão. Sua nobre tarefa. Quando compreendi que nunca leria todos os livros que gostaria de ler, e aceitei essa realidade com resignada melancolia, mudou minha vida de leitor. (...) Os livros que eu nunca lerei me definem e me enriquecem tanto como aqueles que eu li”.

 Uma biblioteca é um salão mágico

“Uma biblioteca não é um conjunto de livros lidos, e sim uma companhia, um refúgio, um projeto de vida. Eu não tenho ideologias, meu amigo. O que eu tenho é biblioteca”, diz o novelista espanhol. Ele estranha as pessoas não perceberem “o coração e a cabeça de um ser humano depois de um olhar minucioso sobre os livros que tem em casa, ou os que não tem.”

Jorge Luiz Borges (1899-1986), escritor argentino, idolatrava os livros. Para ele, uma biblioteca “é um salão mágico”, onde estão encantados os melhores espíritos da Humanidade esperando nossa palavra para saírem de sua mudez. Temos de abrir o livro, e então eles despertam.” Um livro que não o abrimos é simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos ocorre algo raro, que muda de cada vez.” Um livro, diz Borges, “pode estar repleto de erratas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas o livro conserva algo sagrado, algo divino, não com respeito supersticioso, mas com o desejo de encontrar felicidade, encontrar sabedoria”.

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