OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Já se passaram três anos desde que Putin invadiu ilegalmente a Ucrânia, em uma manobra militar completamente desastrosa, minada pela inesperada resiliência ucraniana. Ainda assim, a Rússia chegou a ocupar 20% do território ucraniano, em uma guerra de atrito altamente custosa e desgastante, até o momento sem um desfecho claro. Putin continua bombardeando cidades ucranianas, enquanto Zelensky mantém ataques com drones. Desde o início do conflito, estima-se que a Ucrânia tenha recebido cerca de 407 bilhões de dólares em ajuda militar e humanitária, em grande parte advinda dos EUA, que demonstram relutância em continuar os repasses. Quase 7 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, e milhares ainda necessitam de assistência humanitária. O número de vítimas do conflito gira em torno de 40 mil pessoas. Como mencionamos anteriormente, um eventual retorno de Trump ao poder poderia trazer mudanças significativas neste tabuleiro geopolítico.

 Trump

Uma ligação telefônica de Washington para o Kremlin parece ter surtido mais efeito do que quatro anos da desastrosa política externa de Biden. A partir desse contato, Trump e Putin iniciaram o que poderia ser um primeiro passo para um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Até então, os EUA e, principalmente, os países europeus estavam basicamente fornecendo equipamentos militares diversos a Zelensky, na expectativa de que ele pudesse “derrotar” Putin — quase como em um roteiro de Hollywood, em que se esperava que o líder russo simplesmente se rendesse ou admitisse ter perdido a guerra. Foi necessária uma dose de realpolitik nessa conjuntura, e a ligação de Trump ilustra bem esse cenário. Ao que tudo indica, Zelensky estaria disposto a ceder pequenas porções do território ucraniano, especialmente aquelas de maioria russa, em uma possível reviravolta pragmática.

Até o momento, os países europeus não conseguiram avanços diplomáticos notáveis como o de Trump e, justamente por isso, estão perplexos por terem sido excluídos das negociações atuais — ignorando a sua própria inépcia, agravada pela postura de Biden.

 Um desfecho?

Ainda é cedo para afirmar que a recente conversa representa um desfecho definitivo para esse complexo conflito, mas certamente se trata de um avanço significativo. Como negociador, Trump tratou de incluir, no meio das discussões por uma paz relativa, a possibilidade de que a ajuda militar americana seja condicionada à concessão de direitos de exploração de terras raras ucranianas, recursos essenciais para a guerra tecnológica em curso entre os EUA e a China.

Os termos de um possível acordo também envolvem outras condições importantes, como as expressas pelo próprio Secretário de Defesa. Uma delas seria a garantia de que a Ucrânia não aderirá à OTAN. Outro anúncio relevante foi a decisão dos EUA de não enviar tropas ao campo de batalha, evitando uma escalada do conflito.

Enquanto isso, alguns líderes europeus falam, em tom crítico, sobre uma possível “rendição” da Ucrânia diante da Rússia.

As próximas semanas serão cruciais para definir o rumo do conflito, que foi prolongado pela hesitação das elites europeias e pelo enfraquecimento da influência americana sob a administração Biden.


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