OPINIÃO

QUÍMICA DAS CINZAS & QUARTA-FEIRA DAS CINZAS

Por
· 1 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma no calendário cristão, sendo um dia de reflexão, penitência e jejum. Durante as celebrações, as cinzas, obtidas da queima de ramos do Domingo de Ramos do ano anterior, são aplicadas na testa dos fiéis como símbolo de humildade e efemeridade da vida humana. A frase “Lembra-te que és pó e ao pó voltarás” reforça essa simbologia. Além do aspecto religioso, esse dia também representa uma mudança de ciclo, encerrando o período festivo do Carnaval e iniciando um tempo de introspecção para muitos fiéis, preparando-se para a Páscoa.

Falando de cinzas, as cinzas são os resíduos sólidos inorgânicos resultantes da queima de materiais orgânicos, como madeira, folhas e papel. Sua composição química varia conforme o material queimado, mas geralmente inclui óxidos metálicos (como óxido de cálcio – CaO e óxido de potássio – K₂O), carbonatos e silicatos. Na Quarta-feira de Cinzas, as cinzas usadas na liturgia são obtidas da queima de ramos de palmeira, que são ricos em celulose e lignina. Durante a combustão, a matéria orgânica é transformada em gás carbônico (CO₂), vapor d’água (H₂O) e pequenas quantidades de compostos voláteis, restando as cinzas como subproduto mineral.

As cinzas possuem caráter alcalino devido à presença de carbonatos e óxidos básicos, como CaO, que ao entrar em contato com a umidade do ar forma hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂), aumentando o pH. Esse efeito pode ser útil na correção da acidez do solo na agricultura. Além disso, as cinzas contêm potássio, fósforo e outros micronutrientes essenciais às plantas, podendo ser utilizadas como fertilizante natural.

No contexto ambiental, o descarte inadequado de cinzas pode alterar a qualidade da água e do solo, aumentando a alcalinidade e impactando ecossistemas. Já no uso industrial, as cinzas são empregadas na fabricação de cimento e na obtenção de produtos químicos, demonstrando sua importância além do simbolismo religioso.

Gostou? Compartilhe