OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A coluna já havia alertado sobre o quão sensível era o acordo de cessar-fogo entre Israel e os terroristas do Hamas. Da propositura inicial, chegou-se a cumprir o primeiro bloco, de três, que previa a soltura de reféns israelenses e presos palestinos. Cumpre observar que, enquanto os prisioneiros palestinos foram entregues ao Hamas, os reféns israelenses (os vivos e os mortos) passaram por um “cerimonial” bizarro, divulgado pela mídia internacional, que denunciou a faceta de uma guerra completamente assimétrica. Qualquer tipo de negociação com terroristas é evidentemente uma cilada anunciada. Mesmo com a complexidade da primeira fase do acordo sendo relativamente seguida, surgiu uma proposta adicional a ela, de que fosse o prazo estendido tanto pelo Ramadã islâmico quanto pelo Pessach judaico, possibilitando ainda a troca de reféns. Os terroristas do Hamas não concordaram com a extensão do prazo, também negociada pelo enviado americano no Oriente Médio. Daí a guerra ressurge, com movimentações de ambos os lados, demonstrando quão complexo é um cessar-fogo e quão distante está uma paz definitiva para este histórico conflito. Israel reativou a sua incursão terrestre, e o Hamas voltou a reproduzir os já conhecidos ataques aéreos dirigidos a Tel Aviv. Até o fechamento desta coluna, ainda não há feridos em Israel. De outro lado, a mídia internacional comunica, a partir de suas fontes, mortes no lado de Gaza após incursão israelense, sem precisar as condições. Mais uma vez, o conflito escala, estando Netanyahu irredutível e as famílias israelenses em desespero, mais uma vez. Israel afirma que os ataques destinaram-se às células do Hamas e às infraestruturas militares dos terroristas que, conforme Netanyahu, estavam sendo usadas para conduzir ataques contra soldados e civis israelenses.

 

Novas frentes

Não bastasse o retorno do conflito entre Israel e Hamas, o grupo terrorista dos Houthis, do Iêmen, também voltou a atacar Israel, principalmente depois de incursão aérea por parte de Washington, no sentido de debelar os ataques recentes dos Houthis contra embarcações internacionais, inclusive americanas. Um míssil chegou a ser interceptado pela Força Aérea Israelense, conforme comunicado. Um dos líderes dos Houthis chegou a informar que o ataque se dirigiu ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, escalando ainda mais o conflito. Os Houthis são um proxy iraniano.

 

Cenários

Enquanto perdurarem respostas beligerantes de ambos os lados, o cessar-fogo fica evidentemente comprometido. Um acordo em meio a uma guerra profundamente assimétrica sempre será um desafio. A proposta intermediada por Washington visava à extensão da primeira fase, com a entrega dos reféns israelenses e dos prisioneiros palestinos. Uma nova intermediação de Trump seria estratégica. Ele quer ser o grande garantidor do cessar-fogo, mas sabe que há uma grande instabilidade em jogo. O futuro de Gaza também é incerto, mas deve constar em qualquer tentativa de paz, onde o processo de reconstrução é desafiador. Alta complexidade, uma guerra assimétrica, escaladas em andamento – enfim, uma paz distante e um cessar-fogo desafiador.


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