Amélia Rocca da Cunha, a Dona Amélia, morreu em Passo Fundo, no dia 11de março de 2025. Ela tinha 93 anos e foi vitimada pelo rompimento de um aneurisma de aorta. Amélia era natural de São João do Sul, SC (Cachoeira/Tenente, no interior desse município). Filha de Paulo Rocca e Elvira Paganini. Residia em Sombrio, SC, e era a última sobrevivente de uma prole de sete irmãos. Oriunda de família de origem italiana, cultivava valores relacionados com o trabalho, o estudo, a religiosidade e a caridade. Não veio a passeio nesse mundo e deixou a sua marca indelével em todos que tiveram o privilégio de conviver com ela. O outro e não o eu, tinha sempre a preferência, no mundo de Amélia.
Amélia conheceu as agruras da vida muito cedo. Iniciou no mundo do trabalho ainda criança e tinha orgulho disso. Casou com Lourival Isaac Eleutério da Cunha, com quem teve dois filhos: Jorge (in memoriam) e Gilberto. Ficou viúva aos 41 anos e retornou ao trabalho formal como costureira até a sua aposentadoria em 1992. Do seu núcleo familiar mais próximo, deixou a prantear a sua memória, além do filho Gilberto, as noras Guilhermina e Leila, os netos Demétrio, Jucy, Tatieli, Vicente e Maria Paula, e as suas adoradas bisnetas Isabelle e Rafaela.
Era leitora contumaz de jornais, revistas e assistia, diariamente, os espaços de notícias nos canais de televisão, além de dar vazão à sua paixão por programas de culinária. Os seus dotes na cozinha, por exemplo, serão enaltecidos ad aeternum. Detentora de memória e lucidez invejáveis, era uma mulher independente, apesar da idade avançada, e sintonizada com o mundo contemporâneo. Católica fervorosa, incluía, nas suas orações diárias, além das pessoas próximas, preces pelo atingidos pelas disputas na Faixa de Gaza e na Ucrânia e clamava por sensatez aos senhores da guerra.
Foram muitas as manifestações de carinho e conforto recebidas, quando do seu passamento. Dos colegas da Embrapa, dos membros da Academia Passo-Fundense de Letras, de familiares, de amigos e de pessoas conhecidas, especialmente dela. Nossa gratidão! Dentre tantas, além das verbalizadas pessoalmente, vou reproduzir algumas. O biólogo Renato Cabral Bossle, uma referência em gestão de recurso naturais e autor dos livros “QGIS e o geoprocessamento na prática” e “QGIS do ABC ao XYZ”, residente em Navegantes, postou em um grupo de Sombrio: “Minha amiga se foi. Uma mulher de fibra e, ao mesmo tempo, femininamente doce. D. Amélia viveu intensamente sua vida. Cedo enviuvou e cuidou de seus dois filhos com muita energia e amor, do jeito dela. Viu a Família crescer, teve netos e bisnetos. Sofreu, como toda mulher, mas não perdeu aquela ternura que Deus coloca no coração de cada mulher. A ternura que fez ela conquistar um espaço no coração de muita gente, inclusive no meu. E agora? Quando eu for a Sombrio, quem vai me oferecer, com aquele sorriso largo, um café com banana frita? D. Amélia, minha amiga, nossa amiga, se foi. Rogo a Deus por ti querida! Eras feliz e agora estarás mais feliz ainda, em breve nos braços de teu filho amado. Estaremos aqui, rezando por ti e desejando um feliz regresso à pátria verdadeira. Que Deus console a Família!”. Do grupo de meninas de Florianópolis (Rosane, que esteve presente no funeral, Andreia e Neuzinha) que, quando ia Sombrio, costumava se hospedar na casa dela: “Rosane, amanhã leve o nosso amor, carinho e amizade para Dona Amélia. Faça uma oração por ela. E toda a nossa gratidão a Deus por ter conhecido um ser humano tão especial. Obrigada!”. De parte da Dra. Rosângela Ilha, geriatra que cuidava dela em Passo Fundo: “Gilberto! Meus sentimentos a vc e toda família! Parte uma das minhas mais queridas pacientes. Infelizmente a vida é finita e chega o momento da partida e da despedida. Ela deixa um legado de doçura. Um abraço pra vcs”. Do médico Osvandré Lech, em postagem no grupo da Academia de Letras: “Tratei a D. Amélia tempos atrás. Pessoa maravilhosa e cheia de energia. Um ser humano finalizado”. E da sobrinha Sônia: “Esta é a minha “Tia Mélia”, sempre doce e generosa. Também tenho minha dose de agradecimento pelo cuidado e apoio com a Nona e com a mãe em momentos difíceis que atravessei, quando estava com o pai num hospital e a mãe em outro”.
Amélia, nos últimos 30 anos, vinha regularmente a Passo Fundo, seja para visitar familiares ou em busca de atendimento médico. Em seu nome, eu não poderia deixar de agradecer a todos os profissionais da saúde, nas mais diversas especialidades, que, um dia, a tiveram como paciente em Passo Fundo e que, sem dúvida, muito contribuíram para a sua longevidade e qualidade de vida. Nosso muito obrigado aos doutores: Maria Ivone Hebling, Sônia Regina Bertolin, Mauro Geib, Ana Paula Winik Drum, Andréia Jacobo, Adolfo Lara Brkanitch, Gilberto Vargas, Caroline Moreira, Sandra Mendonça, André Hoenisch Medeiros, Luiz Antônio Lucca, Gustavo Leite Lucca, Niracy Margareth de Souza Gomes (fonoaudióloga), Renata Spode (odontóloga), André Roberto Lupatini, Osvandré Lech e Rosângela Ilha, até o atendimento derradeiro, no dia 11 último, por Ronaldo André Poerschke. Ainda, quando na cidade, cabe destacar a acolhida e o atendimento que recebia da equipe de profissionais da Clínica de Fisioterapia Petrônio Delgado, que ela não abria mão de frequentar durante as suas estadas em Passo Fundo. E nem, antes de voltar a Sombrio, de cortar o cabelo com a Gorete, no Salão Elton & Gorete, na Vera Cruz.
Em Sombrio, Amélia, além da convivência com o núcleo familiar próximo, era muito bem-quista pela vizinhança da Rua Santo Antônio. Não posso me furtar de agradecer a atenção que lhe dispensaram, usando a nomenclatura que ela utilizava, os casais Chico e Marina, Jaílson e Nana, Pingo e Nira, Zé Volo e Darci, e a senhoras Aneli e Dona Mariquinha (in memoriam), além da sua amiga especial, que convivia fraternamente, a Dona Pedrinha. Há outros nomes que, involuntariamente, estou esquecendo. Estendo esse agradecimento aos fisioterapeutas Charles Barbosa e Adrian Claudino, às meninas do Posto de Saúde do lado da casa dela, sempre atentas, e ao cirurgião dentista Rodrigo Cirico, que lhe concebeu o último sorriso. A todos, a nossa gratidão!
Eu como filho sei o quanto essa mulher fez a diferença na vida de muita gente, especialmente na minha. Mãe, você mesma. Eu me penitencio por não ter sido o filho que os seus olhos enxergavam. Descanse em paz!
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