O argentino que esqueceu a esposa no posto

Motorista andou 100 quilômetros até notar que a esposa tinha ficado em Passo Fundo

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Posto onde o casal parou para abastecer, na quarta-feira, em Passo FundoPosto onde o casal parou para abastecer, na quarta-feira, em Passo Fundo
Posto onde o casal parou para abastecer, na quarta-feira, em Passo Fundo
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Walter estacionou em um posto de combustíveis em Passo Fundo para abastecer o carro, na tarde de quarta-feira (13). O argentino, de cerca de 40 anos, aproveitou que o gerente do local, Edgar Marques, enchia o tanque e foi ao banheiro. Enquanto isso, a esposa do condutor, Inês, que estava no banco traseiro, foi à loja de conveniência e comprou um biscoito recheado. O casal e o filho passaram alguns dias em Bombinhas, no litoral catarinense, e retornavam para a cidade argentina de Oberá, onde moram.

Walter retornou ao veículo. O filho estava no banco do carona, jogando no telefone celular. Antes de continuar a viagem, nem o pai nem o filho olharam para o banco traseiro. Resultado: Inês foi deixada no posto localizado às margens da BR 285, no trevo de acesso ao bairro São José. “Ela virou em choro, entrou em pânico”, lembra o gerente. “Esperamos uns minutos, tentamos ligar para ele [o marido], mas não deu certo”. Inês permaneceu 20 minutos no posto e nada do marido retornar. O gerente, então, acionou a Polícia Rodoviária Federal de Passo Fundo. “A impressão que a gente tinha é que teria ocorrido uma briga, uma desavença, algo assim e que ele teria ido embora. Pensamos que era uma coisa de momento”, afirma o policial rodoviário David Ayzemberg, que atendeu a ocorrência.

Inês foi levada para a delegacia da PRF. Os policiais avisaram a PRF de Sarandi e Ijuí, sobre o tal WV Fox, de cor preta e placas argentinas, que havia deixado uma mulher em Passo Fundo. Enquanto isso, nada de pai e filho olharem para o banco traseiro. “A gente se coloca no lugar dela”, disse Ayzemberg. “Imagina estar em outro país, perdido, sem telefone, documento nenhum”. A mulher ficou “quieta e desolada”, e apenas interagia com os policiais quando era interrogada. “Deve ter passado 1001 coisas na cabeça dela: ‘Será que ele é só um toupeira que me esqueceu aqui, ou foi assaltado ou aconteceu alguma coisa?”, refletiu.

Após andar 100 quilômetros, Walter e o filho se deram conta que Inês não estava no carro. Retornaram. O homem foi avisado que a esposa estava no posto da PRF. “Ó, o teu marido chegou”, disse o policial para Inês. “Ela saiu daqui e começou a gritar com ele e a dar tapas na porta”. Nesse momento, o policial bateu com a mão na mesa, simulando a cena. Ayzemberg não entendeu o que ela dizia, mas o diálogo foi feito a gritos. “Eu só fiquei imaginando: se sou eu, já ia com as mãos na frente para não tomar tapa”, completou o policial. Após o desabafo da esposa, Walter pediu desculpas aos policiais pela situação. Eles entraram no carro e seguiram viagem. Dessa vez, sem deixar ninguém para trás.

*Os nomes do casal são fictícios e foram usados pela PRF durante a ocorrência.

 

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