Mulheres representam 34% dos candidatos em Passo Fundo

Pleito deste ano contará com quase 460 mil pessoas com nome nas urnas em todo o Brasil, com a maioria se declarando negra. Veja as características dos candidatos no país, estado e município

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Foto divulgação/ Fabio Pozzerbom/ Agência BrasilFoto divulgação/ Fabio Pozzerbom/ Agência Brasil
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As eleições municipais deste ano contarão com quase 460 mil pessoas disputando os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador. Os números divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após consolidar os dados referentes aos pedidos de registro de candidatura, mostram que, pela segunda vez na história, os candidatos negros são maioria no Brasil. No Rio Grande do Sul e em Passo Fundo, no entanto, a maioria se declara branca. Veja adiante um perfil dos candidatos.

Em todo o país, a Justiça Eleitoral registrou 242 mil candidatos negros, o que representa 52% das candidaturas, enquanto o número de candidatos brancos é de 210 mil. Antes deste ano, a única eleição na qual as candidaturas de negros haviam superado as de brancos foi em 2022, quando o número de candidatos negros representou 50,2% do total. Nas eleições municipais de 2020, essa taxa havia ficado em 46,4%. 

A classificação do TSE segue a adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que inclui entre as pessoas negras aquelas que se declaram pardas ou pretas. Segundo o Censo 2022, 56,1% da população brasileira se declara negra - no RS, o índice é 21%.

No estado, com quase 29 mil candidatos, a grande maioria ou 84% se declara branca (ante 87% em 2020), índice maior do que Passo Fundo, cidade onde 72% dos 226 candidatos se identificaram da mesma forma (em 2020, era 85%).

Dos quase 460 mil pedidos de candidaturas recebidos pelo TSE, 156 mil são de mulheres, 34% do total. No Rio Grande do Sul, o índice é pouco maior, chegando a 35% ou cerca de 9,9 mil registros; e no município alcança 34%, somando 76 pessoas.

O percentual de candidaturas negras e de mulheres é calculado pelo TSE com o objetivo de estabelecer a distribuição de acordo com as cotas legais dos recursos públicos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral, e do Fundo de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário). Para as candidaturas de mulheres, por exemplo, a legislação determina a destinação de no mínimo 30% de todos os recursos empregados nas campanhas. No caso das candidaturas de pessoas negras, a aplicação de recursos deve ser proporcional ao seu número, no mesmo percentual.

Outras características

Quanto à faixa etária, o quantitativo maior de candidatos no Brasil tem entre 35 e 54 anos, grupo que representa mais da metade do total. No RS e em Passo Fundo, o contingente maior é de pessoas entre 40 e 59 anos.

A maioria dos candidatos e candidatas pelo Brasil declarou ter o Ensino Médio completo, sendo 39% com esse grau de instrução, seguido por superior completo, com 28%. Entre os gaúchos, 34% têm ensino médio completo e 28% superior completo. Em Passo Fundo, a maioria dos postulantes a cargos eletivos tem o ensino superior completo, representando 41%, enquanto 40% concluíram o ensino médio. Por outro lado, três candidatos passo-fundenses informaram que apenas sabem ler e escrever.

Em relação à ocupação, na listagem das mais frequentes registradas, destaca-se a função de empresário, com perto de 8% da totalidade no Brasil. No município, 11% se declararam empresários, profissão que também é a mais citada. No estado, os agricultores se destacam.

Entre todos os candidatos e candidatas do país, apenas 145 mil optaram por divulgar a orientação sexual. Dos que fizeram, 98% se declaram heterossexuais. No RS, 33% divulgaram, sendo 98% desses heterossexuais. Por aqui, 39% do total, ou 89 pessoas divulgaram a orientação sexual, 96% indicando ser heterossexual. No critério identidade de gênero, 203 pessoas em Passo Fundo se declararam cisgênero (pessoa que se identifica com seu sexo biológico, ou seja, masculino ou feminino), e uma trangênero. As outras não informaram.

De maneira geral, tanto no país, estado e município, metade se declarou casado (a), com cerca de 30% de solteiros. 

Menos candidatos

A Justiça Eleitoral registrou uma queda no número de candidaturas para os cargos de vereadores, prefeitos e vice-prefeitos que pretendem disputar as eleições municipais do dia 06 outubro. É a primeira redução desde o pleito municipal de 2008.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 459 mil pedidos de candidaturas foram recebidos pela plataforma DivulgaCand, que centraliza os registros em todo o país. Em 2020, as eleições municipais contaram com 557.678 registros. Os pleitos de 2016 (496,9 mil) e de 2012 (482,8 mil) também tiveram mais candidatos. Em 2008, 381,3 mil políticos registraram suas candidaturas.

O Rio Grande do Sul teve 33 mil candidatos nas eleições de 2020, cerca de quatro mil a mais do que agora. Passo Fundo, por sua vezes, teve 353 nomes na disputa municipal anterior, e agora são 226.

((boxx))

Cresce número de candidaturas com identidade religiosa

O número de candidatos a vereador e prefeito que usam de forma explícita uma identidade religiosa em seus nomes de campanha cresceu cerca de 225% ao longo de 24 anos. Em um levantamento inédito, o Instituto de Pesquisa e Reputação de Imagem (IPRI), da FSB Holding, coletou dados do portal de estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das últimas sete eleições municipais, entre 2000 e 2024. A pesquisa mostra que o ritmo de crescimento de candidaturas com viés religioso é 16 vezes maior que o de aumento do total de candidaturas nos pleitos locais.

Em 2000, o número de candidaturas com identidade religiosa foi de 2.215, em termos absolutos. Já em 2024, chegou a 7.206 (+225%). Nesse mesmo intervalo de 24 anos, o número total de candidaturas subiu 14%, passando de 399.330, em 2000, para 454.689 nas eleições municipais deste ano. Em 2000, o número de candidaturas com identidade religiosa representava 0,55% do total, enquanto nas eleições deste ano elas representam 1,6% do número total de candidatos inscritos.

Para chegar a esses números, o IPRI analisou os nomes de todos os candidatos e candidatas ao longo dos pleitos, aplicando filtros de religiões evangélicas, católicas e de matriz africana para identificar os vínculos diretos com as candidaturas. Entre as palavras usadas, estão: pai, mãe, pastor, pastora, missionário, missionária, bispo, bispa, apóstolo, apóstola, reverendo, irmão, irmã, padre, babalorixá, ialorixá, ministro, ministra, ogum, exú, iansã, iemanjá, obaluaê, oxalá, omulu, oxóssi, oxum, oxumaré e xangô.

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