A estiagem que afeta a região de Passo Fundo tem causado preocupação entre os produtores de soja. Até o momento, as perdas já chegam a 25%, e a falta de chuvas nos próximos dias pode agravar ainda mais a situação. As informações são de Oriberto Adami, supervisor regional da Emater e responsável pela área de Culturas da entidade.
De acordo com Adami, a cultura do milho não sofreu impactos significativos com a estiagem, uma vez que as lavouras plantadas em setembro conseguiram completar seu ciclo em dezembro, período no qual houve maior incidência de chuvas. Com isso, a produtividade do milho superou as expectativas iniciais, alcançando entre 8.500 e 12.000 quilos por hectare. Apenas uma pequena parcela de plantios tardios, cerca de 10% da área total cultivada, enfrenta problemas devido à falta de chuvas.
Já a soja, que representa 90% da área plantada no verão, sofre impactos severos. O levantamento é dos 42 municípios atendidos pela Emater de Passo Fundo, que abrangem uma área de aproximadamente 750 mil hectares cultivados com a cultura. Até o momento, cerca de 15% da área plantada com variedades precoces já foi colhida, com uma produtividade variando entre 45 e 60 sacas por hectare. A perda estimada é de 20% a 25% em relação à expectativa inicial de 63 a 64 sacas por hectare, refletindo uma redução média de 13 sacas.
As lavouras mais impactadas ainda não foram colhidas
O principal problema, segundo Adami, é que a maior parte das lavouras de soja está no período crítico de enchimento de grãos, quando a demanda por água é elevada. Até 20 dias atrás, chuvas irregulares ajudaram a manter um relativo potencial produtivo, mas a falta de precipitação nas últimas semanas tem causado preocupação. Caso a estiagem persista, as perdas podem se ampliar significativamente. "A expectativa era de que as lavouras de ciclo mais tardio apresentassem uma produtividade superior às de ciclo precoce, mas com esse cenário atual, poderemos ter uma ampliação das perdas", alerta Adami.
Ele reforça que a necessidade de chuvas é urgente, pois em breve as plantas entrarão na fase de maturação fisiológica, quando a precipitação já não terá mais efeito na recuperação da produtividade.
Previsão do Tempo
Segundo a MetSul, a previsão para a Região Sul indica chuvas irregulares e mal distribuídas nos próximos dez dias, o que pode agravar ainda mais a situação dos produtores. Muitas cidades devem registrar volumes escassos de precipitação, aumentando o risco de prejuízos nas lavouras.
Os mapas meteorológicos mostram ainda que alguns pontos do estado podem sofrer com o forte calor. Uma massa de ar mais quente vai atuar nesta semana sobre o Nordeste da Argentina e o Paraguai, favorecendo uma maior elevação das temperaturas em áreas dos três estados do Sul. No Norte da Argentina, a temperatura em alguns pontos pode ficar ao redor ou acima de 40ºC, mas na parte meridional do Brasil não são antecipados valores tão extremos.
Os dados indicam que o calor mais intenso nesta semana deve ocorrer em áreas da Metade Oeste gaúcha, especialmente no Oeste, na Fronteira Oeste e no Noroeste. Em algumas tardes, o calor de maior intensidade deve se estender também do Oeste para pontos mais ao Centro do Rio Grande do Sul.
Os modelos meteorológicos analisados pela MetSul indicam a tendência de altas temperaturas nesta semana também no Oeste de Santa Catarina e ainda no Oeste e no Norte do Paraná.
As máximas, na maioria dos dias, devem ficar entre 32ºC e 35ºC nestas áreas mais quentes do Sul do Brasil, entretanto em alguns pontos, sobretudo no final da semana, as máximas podem ficar entre 35ºC e 38ºC no Oeste e no Noroeste gaúcho. Como se observa nos mapas, o calor mais intenso deve se concentrar em áreas mais ao Oeste do Sul do Brasil pela proximidade com o centro da massa de ar quente. No Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, a tendência é de não aquecer tanto quanto no Oeste. Por isso, Porto Alegre, embora com tardes mais quentes que na última semana, não deve ter calor excessivo com máximas em geral nesta semana de 28ºC e 31ºC quase todos os dias.