Estado teve mais de 200 mil casos de dengue em 2024

Em Passo Fundo, de um ano para outro, o volume saltou de menos de 900 para quase 2 mil confirmações

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“O aumento de casos confirmados de dengue é uma realidade no Brasil e, agora, também no Rio Grande do Sul”. A constatação feita pela Secretaria Estadual da Saúde, em nota divulgada nessa semana, aponta para a gravidade do cenário epidemiológico gaúcho, e leva em consideração dados como os mais de 200 mil casos confirmados ao longo de 2024. O índice, diz a pasta, supera a alta de anos anteriores e colocou o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) em alerta para os meses de janeiro, fevereiro e março, quando historicamente ocorre o pico de ocorrências. Aqui no município, de um ano para outro, o volume de casos saltou de menos de 900 para quase 2 mil registros.

A incidência da dengue no ano passado no Rio Grande do Sul foi de 1.852 casos prováveis (total de notificações exceto os descartados) por 100 mil habitantes, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como alta incidência valores acima de 300.  

Até o final do ano, dos mais de 200 mil casos confirmados, cerca de 172 mil foram autóctones - quando a transmissão ocorre dentro do Rio Grade do Sul -, com a confirmação de 281 mortes em função da doença, numa contabilização até outubro. Na comparação, 2023 teve 73 mil casos confirmados (34 mil deles autóctones) e 54 óbitos. Em 2022, foram 98 mil casos confirmados (58 mil autóctones) e 66 óbitos. 

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde informou que fevereiro é o mês de maior tendência à expansão no número de casos, o que justifica o alerta para gestores e população ainda no início de janeiro.  

Incidência de casos prováveis de dengue, por município e macrorregião de saúde, RS, 2024 - Fonte: Plano de Contingência para o Enfrentamento da Dengue 2024/2025


Passo Fundo teve quase 2 mil casos

Aqui no município, conforme o Painel de Casos de Dengue RS atualizado pela Secretaria Estadual de Saúde, o ano fechou com 1968 registros confirmados (contra 875 em 2023), com três óbitos. Do total, 1825 foram autóctones. A incidência chega a 977,7.

“A estimativa do estado do Rio Grande do Sul e do Brasil era que tivéssemos muito mais casos em 2024 e com muita gravidade. Porém, devido a todas as ações que a prefeitura adotou, conseguimos minimizar os impactos”, diz a coordenadora da Vigilância em Saúde de Passo Fundo, Marisa Zanatta, ao complementar que há um plano de contingência vigente localmente. “Trabalhamos muito na identificação e diagnóstico rápido para que, com isso, todas as estratégias de combate fossem implementadas”.

Tabela indica a crescente nos casos de dengue em Passo Fundo em anos recentes.- Fonte: Painel de Casos de Dengue RS


Plano de Contingência

Considerando o cenário epidemiológico de aumento das confirmações de casos autóctones, o Governo do Estado publicou o Plano de Contingência para o Enfrentamento da Dengue 2024/2025, que traz pospostas estratégicas para a organização de ações que deverão ser incorporadas e desenvolvidas em cada cidade gaúcha.

Em resumo, em 30 páginas, o documento direciona as ações de vigilância epidemiológica (VE), vigilância entomológica e controle vetorial, vigilância laboratorial, atenção à saúde, comunicação e gestão conforme os estágios operacionais apresentados no documento.

De acordo com informações do Plano, o mosquito Aedes aegypti é encontrado domiciliado em 471 dos 497 municípios do RS, ou seja, 94,6% do território gaúcho está infestado pelo vetor, havendo diferentes classificações dos Índices de Infestação Predial (IIP).

Em 2024, 242 municípios apresentaram taxa de incidência de casos prováveis acima de 300/100.000 habitantes, sendo que destes, 163 tiveram essa incidência acima de 1000 casos/100.000 hab. As macrorregiões com maiores incidências em 2024 foram a Missioneira, a Norte (onde está Passo Fundo) e a Metropolitana.

Monitoramento estadual

Para manter o monitoramento da dengue, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) mantém ativo um repositório com diversos painéis, notas técnicas, comunicados de risco e informações sobre arboviroses, com recorte sobre a dengue e o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti, e indicadores que apontam a incidência nos municípios. De acordo com a diretora do Cevs, Tani Ranieri, o repositório funciona como uma ferramenta de apoio à gestão para desenvolver ações de maneira mais oportuna conforme o estágio operacional de cada localidade, isto é, com base nos dados epidemiológicos detalhados de cada região. 

Óbitos por dengue, RS, 2015-2024 - Fonte: Plano de Contingência para o Enfrentamento da Dengue 2024/2025


Além do repositório, o Governo do Estado informou que vem realizando, desde o final do ano passado, capacitações em conjunto com as Coordenadorias Regionais de Saúde, os municípios e a atenção básica com o objetivo de orientar sobre protocolos de manejo clínico, diagnóstico e organização das equipes de assistência, dando prioridade aos pacientes com maior vulnerabilidade. “Olhar de forma diferenciada para a dengue é fundamental para evitar agravamentos, hospitalizações e óbitos”, afirma Tani. 

Conforme a Secretaria da Saúde, as capacitações desenvolvidas pelo Cevs buscam atualizar as Coordenadorias Regionais de Saúde e os municípios para melhor identificação de infestação do mosquito e de casos autóctones. As formações ocorrem tanto em vigilância ambiental, quanto em vigilância epidemiológica e, algumas vezes, de forma conjunta, a depender da demanda de cada município.  

Cuidados indispensáveis

A população deve continuar atenta às medidas de prevenção, como evitar o acúmulo de água em recipientes, tampar caixas d’água, manter calhas limpas e eliminar qualquer objeto que possa acumular água.

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