Com a ordem de início assinada em dezembro de 2022 pelo governo do Estado, o projeto de readequação de trevos da ERS 324 em Passo Fundo, que deveria ser concluído em 12 meses, ainda não foi apresentado, no entanto, a expectativa do município é de que isso ocorra até outubro deste ano. Demanda que afeta a rotina de motoristas e pedestres, que enfrentam insegurança e congestionamentos constantes - conforme mostrou ON na última edição - as intersecções contempladas ficam localizadas entre os quilômetros 178 e 182 da estrada, no acesso aos bairros Xangri-lá (av. Brasil), Boqueirão (Trevo da Caravela) e Santa Marta (rua João Catapan). Enquanto não vira realidade, Prefeitura e Câmara de Vereadores dizem que continuam articulando com o governo e órgãos responsáveis.
O aguardado projeto final de engenharia tem orçamento calculado em R$ 1.289.177,64, ficando sob responsabilidade da empresa Ecoplan Engenharia, que deverá propor um novo desenho para um trecho de 5,1 quilômetros de extensão da ERS 324. Procurado por ON, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que o projeto está com a concepção aprovada, e em fase de detalhamento do projeto geométrico.
O secretário de Planejamento de Passo Fundo, Giezi Schneider, garante que o município está em “contato permanente”, inclusive participando de reuniões periódicas com a autarquia estadual, para enfatizar essa necessidade local. Segundo ele, as enchentes de maio afetaram o cronograma. “Tínhamos a expectativa de que esses projetos fossem concluídos em fevereiro. No entanto, a empresa que está executando pediu aditivo de prazo, o que foi dado até agosto, e, em virtude das enchentes que ocorreram no estado, esse contrato foi suspenso por 60 dias. Isso acarretou numa previsão de atraso, portanto, desses 60 dias, e a expectativa é de que eles estejam prontos em outubro”, informa.
Como o projeto está em desenvolvimento, registrou o Daer, não é possível no momento abordar as obras que poderão ser realizadas nesses trechos. Ainda assim, Schneider diz que a prefeitura tem defendido uma reestruturação que atenda não somente o fluxo atual, mas também vislumbre o crescimento da cidade. “O que o Município tem considerado como premissas fundamentais é que, primeiro, essas obras garantam maior segurança para todos os usuários, segundo, que sejam intervenções que qualifiquem a mobilidade das pessoas nos diferentes tipos de modais, como para bicicleta, carro, caminhão, ônibus, a pé, e também que sejam projetos que não atendam exclusivamente ao passivo que a gente tem de dificuldade, e sim uma projeção futura”, argumenta, ao citar, por exemplo, a construção de estradas paralelas ou de duplicações. “Aí, é preciso olhar caso a caso o que é adequado e necessário para que a gente possa ter o resultado que se espera”.
Legislativo também se envolve na pauta
Na ocasião da assinatura da ordem de início do projeto, em 2022, no Palácio Piratini, a Câmara de Vereadores de Passo Fundo foi representada pelo então presidente, Evandro Meireles (PSDB), e pelo vereador Saul Spinelli, na época secretário municipal de Cidadania e Assistência Social, que agora preside o Parlamento. Entretanto, muito antes dessa data, frisa Spinelli, a pauta já era encampada pelos legisladores. “Em 2017, foi feita uma audiência pública, chamando o Daer, o Estado, o Ministério Público e as empresas, quando foi discutida a situação dos acessos à Universidade, ao Zachia, Santa Marta, Distrito Industrial e também a questão da Caravela, Vila Jardim, e Santo Antão, todos os principais acessos da cidade”, recorda, ao citar que processos foram abertos a partir dessa reunião junto ao Daer, “solicitando providências de obras”.
De acordo com o presidente, as reuniões promovidas pela Casa serviram ainda para levantar sugestões de intervenções necessárias nesses cruzamentos urbanos. “Por exemplo, um túnel que ligue a Dona Júlia com a Xangri-lá e uma trincheira que possa servir para o ônibus ir e voltar da vila, sem precisar esperar de 10 a 15 minutos para atravessar a ERS 324. São vários os processos em andamento ativados pelas lideranças comunitárias e pela Câmara”, ressalta Saul Spinelli.
E os recursos?
O projeto contratado e em desenvolvimento é apenas a primeira parte de um amplo cronograma de trabalho sem prazos finais, por enquanto. Após a conclusão dessa etapa, será realizado o orçamento da obra. “Com base no mesmo, a direção do Daer poderá encaminhar ao governo do Estado pedido de recurso para a licitação da futura obra”, respondeu ao ON o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem.
A captação de verbas é uma preocupação local, pondera o secretário de Planejamento de Passo Fundo, Giezi Schneider. “O município não só tem trabalhado na lógica de se manter informado e de cobrar para que os projetos fiquem prontos, mas também se colocando à disposição para discutir a viabilização dos recursos para a implementação. Caso isso não seja possível imediatamente por parte do Estado, a gente não tem essa informação, se é ou não é possível, mas o governo municipal aqui está atento para que a gente possa viabilizar em nível federal, estadual ou até municipal recursos suficientes para essas intervenções”, afirma, ao lembrar de um movimento recente entre empresários e a prefeitura que viabilizará a reestruturação do acesso ao Bairro Industrial, conhecido como trevo do Gran Palazzo. “Os empresários contrataram e conseguiram doar ao Estado um projeto para a intervenção, e a prefeitura, diante de imprevisibilidade de recursos para efetivação por parte do Estado, assinou um termo de cooperação com o governo estadual e vai aportar os R$ 15 milhões necessários para a efetivação desse projeto”, finaliza.
